Textos

Por César Tureta 15 fev., 2024
A procrastinação é um fenômeno comum tanto no ambiente de trabalho quanto na vida profissional, e muitas vezes é vista como uma inimiga da produtividade. Pesquisas científicas demonstram que procrastinar pode prejudicar o desempenho dos funcionários em termos de eficiência, especialmente em tarefas rotineiras e sequenciais. Nesses casos, deixar para fazer depois pode resultar em queda de produtividade. No entanto, quando se trata de criatividade e inovação, a procrastinação tem um efeito positivo. Enquanto a eficiência busca a utilização otimizada do tempo para concluir tarefas rapidamente, a criatividade opera de maneira diferente, exigindo a combinação de ideias distintas e flexibilidade de pensamento. Em processos criativos, a procrastinação proporciona tempo adicional para incubar ideias e soluções, contribuindo para a originalidade. Pesquisas realizadas por Jihae Shin da Universidade de Wisconsin e Adam Grant da Universidade da Pensilvânia revelaram que existe um efeito curvilíneo da procrastinação na criatividade, representado por um formato de U invertido. Isso significa que, até certo ponto, procrastinar pode aumentar a criatividade. Mas aqui vai um alerta! Além desse ponto, o excesso de procrastinação pode prejudicar a sua capacidade criativa. A procrastinação moderada oferece um tempo extra para a reestruturação do problema e a ativação de novos conhecimentos, o que potencializa a criatividade. Em contraste, não procrastinar a realização de uma tarefa criativa tende a resultar em soluções convencionais e a limitar a ativação de ideias inovadoras. Por outro lado, a procrastinação excessiva pode levar à falta de criatividade por causa pressão do tempo escasso para finalizar a tarefa. Para aproveitar os benefícios da procrastinação moderada, algumas estratégias podem ser úteis. É recomendável: 1- Não iniciar imediatamente uma tarefa criativa, mas sim dar um tempo para que ideias possam surgir. 2- Não deixar a tarefa para a última hora, pois a pressão do prazo pode inibir a criatividade. 3- Ter um caderno de anotações para registrar as ideias que surgem durante a procrastinação, pois mesmo as ideias aparentemente ruins podem levar a insights importantes mais tarde. Em suma, embora a procrastinação seja frequentemente vista como prejudicial, quando praticada de forma moderada e em contextos que exigem criatividade, se torna uma aliada importante. A compreensão dos efeitos da procrastinação na criatividade pode ajudar os profissionais a otimizarem seu processo de trabalho e a alcançar resultados mais inovadores. Referência Shin, J.; Grant, A. M. (2021). When Putting Work off Pays off: The Curvilinear Relationship Between Procrastination and Creativity. Academy of Management Journal, 64(3).
Por César Tureta 20 jun., 2023
Tempo: uma arma perigosa para a criatividade “As pessoas costumam ter suas melhores ideias quando o tempo está apertado – pelo menos é o que muitos executivos acreditam. O problema é que isso não é verdade ” (Grifos meus). Essa frase não é minha. Ela é da Teresa Amabile, professora da escola de negócios da universidade de Harvard e uma das principais especialistas do mundo em criatividade. A frase está escrita no início de um artigo que ela publicou, junto com mais dois colegas, na revista Harvard Business Review. Esse artigo tem um título bastante sugestivo: “Criatividade sob a mira de uma arma”. Tratarei do artigo daqui a pouco. Antes, uma constatação. No cotidiano do trabalho, uma arma pode estar apontada diretamente para a sua criatividade e, talvez, você não perceba isso. Essa arma tem um nome: tempo. Ela também está na mão de alguém. Advinha de quem? Do seu chefe. É ele quem, muitas vezes (outras não) sem perceber, aponta o canhão para você. Nesse texto, eu vou mostrar como o excesso de pressão do tempo é um inimigo dos processos criativos. Vou apresentar também como é possível proteger a criatividade desse adversário tão comum nas empresas e na vida profissional de muitas pessoas. Carro apertado é que anda Temos cada vez mais a sensação de que o tempo passa rápido. Sentimos, constantemente, uma pressão maior por produtividade. Muitos gestores usam a pressão como uma forma para criar senso de urgência nos funcionários, estimular a geração de novos insights e aumentar a produtividade. Isso é adequado? Algumas pessoas dirão que sim. Elas também darão exemplos de como foram produtivas em situação de escassez de tempo. Descreverão, ainda, casos em que testemunharam o efeito mágico que a pressão do tempo exerceu nos seus subordinados. Porém, uma resposta mais prudente a essa pergunta seria: depende. No curto prazo, pode até ser que a pressão funcione. Afinal de contas, como diria o ditado popular, “carro apertado é que anda”. É preciso reconhecer que a criação de um senso de urgência tira as pessoas da inércia e faz com que coloquem para fora as suas ideias. No entanto, no médio e longo prazo, a história muda um pouco de figura, especialmente, quando estamos falando de criatividade. Se carro apertado é que anda, é também o primeiro a quebrar. Quando os gestores colocam a criatividade sob a mira de uma arma, ao invés de estimulá-la, estão matando qualquer chance de ela aparecer. Os funcionários se sentem esgotados, o que reduz o potencial criativo das equipes. Ao término de muita pressão, eles estarão quebrados! De um modo geral, boas ideias demandam um tempo adequado para serem digeridas e processadas. A criatividade acontece com a combinação de ideias e conceitos distintos que estão na cabeça das pessoas e que foram desenvolvidos a partir de experiências passadas. Essa combinação não é imediata. Ela requer um período de incubação para que as melhores conexões sejam feitas em prol da criação de algo novo e útil. Nesse sentido, pressionar muito os funcionários não é uma boa opção. É isso que as evidências indicam.
Por César Tureta 06 jun., 2023
A curiosidade é a necessidade de descoberta do novo, de entender como as coisas funcionam. Ela é uma característica central em pessoas criativas. Grandes descobertas científicas e invenções tecnológicas partiram da curiosidade. Os principais gênios criativos da história da humanidade eram sedentos por conhecer o novo e buscar explicações para aquilo que eles não compreendiam. Leonardo da Vinci, por exemplo, era um mestre em fazer perguntas não só para os outros, mas para si próprio também. Em uma viagem à Milão em 1495, ele elaborou uma lista de vários itens que gostaria de pesquisar e entender: calcular a medida de Milão, encontrar um livro que descrevia as igrejas da cidade, examinar uma balestra e saber a medida do sol. Benefícios da curiosidade Mas quais seriam os benefícios da curiosidade para os profissionais em geral? A curiosidade: 1- Amplia experiências. Ela ajuda os profissionais a criarem um repertório diversificado com conhecimento, informações, conceitos, técnicas e ferramentas de várias áreas diferentes. Isso aumenta a possibilidade de se fazer associações originais entre ideias distintas para resolução de problemas no trabalho, na escola e no cotidiano. Por isso, coloque a arte na sua vida. Teatro, música, escrita criativa, dança, pintura, dentre outras formas de expressão artística são essenciais para criação de repertório variado. 2- Reduz o viés de confirmação. O viés de confirmação é a busca constante por informações que confirmem as nossas crenças, ideias e tudo aquilo que nós já acreditamos ser o correto. Pessoas curiosas fazem exatamente o contrário. Elas buscam informações que contestem suas ideias e crenças pré-concebidas. Isso faz com que elas consigam rever os seus pontos de vista, caso estejam erradas ou terem mais subsídios e dados para fortalecerem as suas posições, caso estejam certas. Dessa forma, elas conseguem tomar melhores decisões na sua vida profissional. Da próxima vez que quiser apresentar alguma ideia, busque informações que mostrem o lado negativo dessa ideia e não só o positivo. 3- Diminui os conflitos. Em situações de conflito ou divergência de pensamento, pessoas curiosas tendem a se colocar no lugar dos outros e a se interessam pelas ideias deles, mesmo divergindo inicialmente. Elas não focam apenas nas suas próprias crenças ou modo de realizar uma tarefa. Por consequência, as chances de se chegar a um denominador comum aumentam significativamente. Quando discordar de alguém, se esforce para “calçar os sapatos” daquela pessoa e se coloque no lugar dela. 4- Melhora a comunicação. Como as pessoas curiosas se interessam mais pelos outros e buscam conhecer mais o que os outros pensam, elas estão mais dispostas a se abrirem para o diálogo. Elas fazem isso, especialmente, com aquelas pessoas que elas não conhecem ou conhecem muito pouco. A abertura para uma comunicação saudável potencializa o aprendizado e torna a relação mais amistosa. Toda vez que ocorrer um ruído de comunicação com alguém na sua organização, sente para conversar com essa pessoa e ouça atentamente o que ela tem a dizer.
Por César Tureta 06 nov., 2020
* Publicado no Medium
Por César Tureta 16 out., 2020
* Texto publicado no Medium.
Por César Tureta 13 out., 2020
*Texto publicado no Medium.
Por César Tureta 18 set., 2020
*Texto publicado no Medium.
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